É sobre a importância de manter viva a memória e a história da indústria Gráfica, que esta coluna, aqui no nosso Boletim, se propõe, a partir de agora. Como tudo começou: da Mesopotâmia a civilização Babilônica. Como eram os processos gráficos antes do avanço da tecnologia? Como foi a evolução da impressão? Quais eram as etapas da produção? Os impactos do surgimento da Imprensa no mundo, Litográfica e Offset, …a lista vai longe, mas esse é só um aquecimento! Então prepare-se, afinal, quem da indústria gráfica não tem uma história para contar, não é mesmo? Queremos inclusive aquele seu “causo” engraçado, interessante, cheio de muita “prosa”, e que nossos leitores podem ficar encantados. Então seja bem-vindo a este projeto e participe com a gente. Na edição de estreia iremos contar sobre as linotipos com João Scortecci, presidente da ABIGRAF-SP.
Fique ligado. Mande para rcamilo@abigraf.org.br a sua vontade em participar dessa coluna, que já vamos deixar seu nome em nossa lista. Até breve!
AZEVEDO MARQUES, “CORREIO PAULISTANO” E OS “FUTURISTAS ENDIABRADOS” DE 22
Olá! Sejam bem-vindos ao túnel do tempo da indústria gráfica. Hoje quem conta a história é o João Scortecci, Presidente da ABIGRAF – SP. Boa leitura!
“Correio Paulistano” foi o primeiro jornal diário paulista e o terceiro do Brasil. Teve como fundador o proprietário da Typographia Imparcial (sucessora da Typographia Liberal, de 1854 até 1888), de Azevedo Marques (Joaquim Roberto de Azevedo Marques, 1824-1892), e, como primeiro redator, Pedro Taques de Almeida Alvim. O jornal nasceu liberal e teve posições avançadas, em sua época. Posteriormente, aderiu ao Partido Conservador e, após a criação do Partido Republicano Paulista (PRP), passou a ser seu órgão oficial, em junho de 1890. Durante o período imperial, foi um forte formador de opinião pública. Notabilizou-se pela defesa da abolição da escravatura e da causa republicana. Mais tarde, apesar de ser dirigido e sustentado por oligarcas tradicionalistas, foi o único, entre os grandes jornais de São Paulo, a apoiar a Semana de Arte Moderna de 1922, reconhecendo o vanguardismo do movimento modernista – enquanto os demais jornais da época se referiam aos modernistas como “subversores da arte”, “espíritos cretinos e débeis” ou “futuristas endiabrados”. Vale relembrar as primeiras palavras do jornal a respeito de seu objetivo: “… fundar uma tribuna livre, aberta a todas as aspirações e a todas as queixas, sem restrições na esfera do pensamento religioso ou partidário”. O jornal circulou de 1854 até 1963, encerrando suas atividades com 33.882 edições veiculadas na cidade. O prédio do “Correio Paulistano”, editorial e gráfico, ficava na esquina da Rua Líbero Badaró com o Largo de São Bento, no centro histórico da capital paulista. Além do pioneirismo liberal e de posições avançadas para a época de sua fundação, foi: o primeiro jornal a ser impresso em máquinas de aço, abandonando a mão de obra escrava; o primeiro com oficinas a vapor; o primeiro publicado às segundas-feiras; o primeiro a ser impresso em uma máquina rotativa; o primeiro no formato Standard, 600 x 750 mm; e o primeiro a contratar fotógrafos profissionais para ilustrar suas matérias.