25 de junho de 2020

Centenárias e em plena atividade: as 4 gráficas mais antigas do Brasil

ABIGRAF faz homenagem com certificado de reconhecimento à importância das empresas para a Indústria Gráfica Brasileira.

A primeira colônia alemã no Brasil foi formada em 1824, na cidade gaúcha de São Leopoldo. Em 1874, os jovens Wilhelm Rotermund e sua esposa Marie chegaram na cidade carregando sonhos e a vontade de prosperar longe de casa. Três anos depois, em dezembro de 1877, foi fundada a gráfica mais antiga em atividade no Brasil, a Rotermund. Uma das maiores fabricantes de agendas e produtos personalizados do país, a Rotermund carrega a identidade alemã de preocupação com a Educação. Segundo Renata Rotermund, bisneta dos fundadores, a empresa surgiu da necessidade que Wilhelm sentiu de ajudar os colonos alemães a se adaptarem rapidamente ao Brasil. Professor que era, ele passou a traduzir para o português livros didáticos alemães, que eram impressos na Alemanha e enviados ao Brasil. As publicações tornaram-se uma necessidade cada vez maior para a colônia alemã no sul do país e com a demanda apresentada, Wilhelm criou a Rotermund, hoje WRSA Indústria Gráfica.

A história de três das quatro gráficas mais antigas em atividade no país é familiar, com o amor e o respeito pelas artes gráficas sendo renovado de geração para geração. Assim como os Rotermund, no Rio Grande do Sul, a família Bezerra ajudou a construir a história da Indústria Gráfica Brasileira, só que há mais de 4 mil quilômetros de distância, no Ceará. No início dos anos de 1970, o jovem Pedro Jorge era um azougue, cheio de energia e dava muito trabalho aos pais. Nas férias escolares, em vez de frequentar as praias de Fortaleza, para dar um descanso à mãe passava as tardes na Gráfica Minerva, que foi comprada pelo bisavô Francisco de Assis Bezerra um ano depois da fundação, que aconteceu em 1892. “Meu bisavô comprou a Minerva da viúva do livreiro Gualter Silva, um dos mais importantes educadores da época, que morreu 1 ano depois de fundar a gráfica”, conta Pedro Jorge Bezerra, atual diretor da Minerva. Ele conta que desde cedo aprendeu a colar livros de capa dura e blocos de anotações e ficava encantando olhando as engrenagens das impressoras em funcionamento. “Meu brinquedo predileto era a almotolia. As máquinas da nossa gráfica eram as que tinham a melhor lubrificação do mundo, tenho certeza”, diverte-se Pedro Jorge. Com forte atuação no segmento Promocional, a Gráfica Minerva não foge à regra e também sentiu os efeitos da pandemia, com quase 70% de queda no faturamento. “Mas já está havendo um reaquecimento. Tenho certeza de que o trabalho duro e correto que realizamos aqui vai nos ajudar a passar por mais essa crise”, afirma Pedro Jorge.

Crise é uma palavra que Christine Samorini não gosta de usar. Ela prefere termos como “relacionamento”, “processos eficientes” e “criatividade”. Bisneta do pintor italiano Tullio Samorini, autor da pintura do teto da catedral de Monte Carlo e fundador da Tipografia Samorini, em 1920, que mais tarde se tornou Grafitusa, Christine conta que foi justamente uma crise que fez nascer a empresa. “Meu bisavô desenvolveu uma alergia grave à tinta látex e por isso teve que deixar a pintura e mergulhou nas artes gráficas”. Christine divide seu tempo entre os filhos, a Grafitusa, o SIGES (Sindicato das Indústrias Gráficas do Espírito Santo e a Federação das Indústria do estado – ela é presidente de ambos. “Eu e meu irmão somos a quarta geração de gráficos e ajudamos a tornar a Grafitusa inovadora em vários aspectos. Fomos pioneiros na utilização de máquinas offset, a primeira gráfica capixaba a entrar no mercado digital, a adquirir uma impressora frente e verso e a conquistar o selo de certificação FSC®, que garante que os produtos oferecidos são ambientalmente corretos”, conta a executiva, que entrou no mercado gráfico aos 17 anos e tem duas paixões: o relacionamento com clientes e os processos de produção. Christine acredita que a Grafitusa e a indústria gráfica têm como desafio compreender de forma rápida como será a mudança de comportamento de consumo da sociedade pós-pandemia. “Todos os setores vão mudar. O promocional tem desafios enormes, embalagens são a bola da vez, os pontos de venda serão diferentes, os catálogos vão sofrer alterações muito relevantes, os grandes volumes serão cada vez mais raros. O desafio é entender o mercado o mais rápido possível, para virar a chave com competência e na hora certa”.

A história da Casa Publicadora Brasileira, a CPB, não é de uma família convencional, mas de uma família religiosa. A CPB é uma das 63 editoras da Igreja Adventista do Sétimo Dia e uma das principais gráficas de publicações religiosas e educacionais do país. Foi fundada em julho de 1900, no Rio de Janeiro e em 1904 foi transferida para Taquari, Rio Grande do Sul. Três anos depois, chegou a Santo André, onde permaneceu por 78 anos até mudar-se para Tatuí, no interior paulista, em 1985. A CPB tem mais de 500 funcionários e imprime 600 toneladas de papel por mês. Produz livros editados em mais de 200 línguas e dialetos diferentes. São mais de mil títulos em seu portfólio e 360 mil revistas impressas todos os meses. O diretor geral, José Carlos de Lima, 41 anos de empresa, conta que a CPB não tem fins lucrativos e por isso tem encarado a crise em razão da pandemia de forma diferente. “Somos uma família, uma comunidade enorme que têm como fundamento cuidar uns dos outros. Também fomos afetados pela crise, mas nossos objetivos não são comerciais e por isso seguimos firmes em nosso propósito de levar a palavra de Deus a todos os cantos do mundo”, afirma.

Para o presidente da ABIGRAF, Levi Ceregato, a homenagem às gráficas centenárias é natural e necessária. “Estamos no meio de uma grande crise e essas empresas centenárias nos ensinam lições importantes, pois seus dirigentes já passaram por momentos tão ou mais delicados, como a peste espanhola e duas grandes guerras mundiais. Só temos a aprender com essas empresas e seus dirigentes e poder prestar homenagem a todos eles é, antes de tudo, uma honra”.

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