No terceiro trimestre do ano, descontado o padrão sazonal, a indústria gráfica cresceu 7,5% frente aos três meses anteriores. Foi um desempenho surpreendente, considerando que, no período, a indústria de transformação, na qual o setor se insere, recuou 5,1%. A performance superou também (em 6,9%) a produção gráfica de julho a setembro de 2013.
O salto, porém, não reverteu a expectativa de fechar o ano com queda de 1,7% frente a 2013. De fato, no acumulado do ano, há queda de 1,6% na produção até setembro, e o setor não espera reversão dessa tendência nem mesmo em 2015, para quando prevê recuo de 1,1%. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a indústria de transformação deve cair 2,3% em 2014, porém, crescer 1,3% em 2015. O descolamento explica-se pelas projeções de aumento da massa salarial, variável extremamente sensível para a indústria gráfica e que, segundo o boletim, deverá crescer menos no próximo ano (apenas 2%, contra 3,7%, em 2014).
Os cálculos são do Departamento Econômico da Abigraf, com base na Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O bom desempenho de julho a setembro compensou o impacto negativo da Copa no segundo trimestre e parece ter tido como motor a produção de materiais para as campanhas eleitorais”, afirma Ceregato. Para ele, esses fatores pontuais não autorizam otimismos diante do quadro econômico geral, com retomada do ciclo de alta de juros pelo Banco Central, enfraquecimento do consumo e aumento da inadimplência nas empresas. “No curto prazo, a alta do dólar também exerce efeito negativo, embora possa tornar nossos preços mais competitivos adiante, desde que o controle dos gastos públicos não exerça pressões inflacionárias sobre o câmbio”, diz ele.