A Revista Abigraf chega ao seu cinquentenário num momento peculiar para o mercado editorial. Após um longo período de embate com as mídias digitais, o enfado em relação às telas, acompanhado pelo adoecimento mental provocado pela exposição massiva às redes sociais vêm desenhando um ambiente propício para o ressurgimento das edições impressas.
Os exemplos são vários e o mais marcante aqui no Brasil talvez seja o retorno da revista Capricho após 10 anos de ausência em banca, sobretudo por se destinar ao público jovem. E o que buscam esses jovens? Conteúdo relevante e experiências sensoriais autênticas.
Tais requisitos falam diretamente à atual fase da Revista Abigraf. Há dois anos, uma parceria com a Blendpaper conferiu mais corpo ao principal veículo do setor gráfico. O uso de papéis texturizados e de maior gramatura, acompanhado pela modernização do layout da publicação, tornou o encontro com a revista ainda mais prazeroso. Um encontro que sempre foi pautado pela qualidade gráfica e editorial.
Diversa como o próprio universo da impressão, a Revista Abigraf se destaca por cobrir os assuntos mais importantes para o profissional gráfico, numa simbiose entre forma e conteúdo várias vezes premiada. As décadas de 1990 e 2000 foram especialmente profícuas para a publicação, com dois Prêmios Comtexto de Comunicação Empresarial, cinco Prêmios Aberje, dois Prêmios Anatec, além do Benny, quando, em 1998, a revista se tornou o primeiro produto gráfico brasileiro a ganhar o concurso mundial promovido pela Printing Industries of America. Naquele ano o periódico viveria outro grande momento, ao ser convidado pela Fundação Biblioteca Nacional para ser a publicação oficial da participação do Brasil no Salão Internacional do Livro de Paris.
Ao longo de cinco décadas, a Revista Abigraf aliou o cuidado estético ao apuro editorial, não só em suas reportagens quanto na decisiva contribuição de seus anteriores articulistas, como o escritor e crítico de arte Ricardo Viveiros e os falecidos designer, arquiteto e professor Claudio Ferlauto e o jornalista e escritor Álvaro de Moya. Atualmente, colaboram o líder setorial e consultor Hamilton Costa, o especialista em normas técnicas Bruno Mortara, o articulista, de Brasília, Roberto Nogueira, e o líder gráfico e escritor João Scortecci.
Não podemos deixar de citar o núcleo central da publicação, responsável pela grande transformação da revista no final de década de 1980 e por trazê-la até aqui: o editor Plinio Gramani, a jornalista Tânia Galluzzi, o diretor de arte Cesar Mangiacavalli e o produtor gráfico João Carlos de Pinho.
Neste cenário de redescoberta do impresso, a Revista Abigraf não apenas reflete a resiliência do setor, mas também aponta caminhos. Sua trajetória garante que a experiência do papel continue a ser um elo fundamental entre o conhecimento e o leitor, projetando um futuro de contínua relevância.